2009-09-01

UK was OK #2

Londres é uma cidade civilizada onde as coisas funcionam com lógica, ao passo que Lisboa é uma espécie de jogos sem fronteiras metropolitanos onde temos que aprender truques passados de boca em boca. E mesmo após vários anos a viver em Lisboa é curioso verificar como o cérebro se habitua com facilidade às coisas simples e fáceis.
Para quem não conhece os novos bilhetes do Metro, aqui vai a descrição do próprio Metropolitano de Lisboa:
Para os clientes pouco frequentes, estão disponíveis os cartões sem contacto 7 colinas ou viva viagem, nos quais se pode carregar bilhetes simples Metro ou diários Carris/Metro e Zapping . No primeiro carregamento, é necessário comprar o cartão, que custa 0,50 € e tem a validade de um ano. Durante este período, o cartão pode ser carregado e reutilizado sempre que necessário. Contudo, caso o cliente pretenda recarregar este cartão com outro tipo de título, terá de esgotar previamente o título anterior. Terminada a validade de um ano, os cartões não podem ser recarregados, mas os títulos ainda existentes podem continuar a ser utilizados ou serem transferidos para novo cartão.
Na verdade, o cartão 7 colinas/viva viagem é um pedaço de cartão ordinário que encaracola nas pontas passado uns dias e que é uma sorte que aguente o seu ano de validade sem que desmagnetize ou se esfarrape com uns pingos de água. Esta brincadeira sai a 50 cêntimos que nunca mais são vistos.
Quanto ao carregamento do cartão, é feito em títulos de um único operador ou em dinheiro. Este último tem o apropriadíssimo nome de Zapping. Um qualquer turista que não fale português nem precisa de ver mais nada. Hm! Zapping! Das ist gut, ja?! A maçada é que um otário que carregue títulos do Metro, por exemplo, já não pode fazer um carregamento Zapping. Só quando o cartão estiver vazio. Ou seja, tem que gastar as viagens de Metro antes de fazer o carregamento ou comprar mais um bocado de cartolina a 0,50€, IVA incluído.

Em Londres, têm mais ou menos a mesma coisa, mas em bom. O Oyster card. Esta maravilha é um cartão de plástico que custa £3,00 onde são efectuados carregamentos em dinheiro. À medida que se viaja vão sendo debitados os valores das viagens até um máximo de £4,40. A partir daí viaja-se de graça.

Isto para um português é uma coisa impensável porque é simples e funciona bem. Mas a grande finta ainda está para vir. Acabadas as férias e chegados à última estação de Metro, eis a questão: o que é que fazemos aos nossos Oyster cards, que ainda têm saldo e que nos custaram £3,00? Dá-se! A quem? Vende-se! Por quanto? Felizmente solicitámos a assistência de um prestável funcionário do Metro (sim, ao contrário do Metro de Lisboa, o de Londres tem funcionários) que muito nos maravilhou com as suas palavras de sapiência. Como é óbvio, o preço do cartão (£3,00) é um mero depósito, totalmente restituível, juntamente com o saldo que ainda estiver no cartão. E lá fomos para o aeroporto com o peito cheio e o ar triunfal de quem não tinha sido roubado por uma empresa pública. Isto é que são férias.