2009-07-21

Era uma limpeza

Num mundo perfeito, o Estado nacionalizaria todo o negócio dos detergentes. Dispenso, como julgo que qualquer pessoa dispensa, perder horas de vida à frente de uma prateleira de supermercado a tentar escolher um dos milhares de detergentes disponíveis. No que toca à detergência, o consumidor não quer ser livre, não quer poder escolher; quer simplesmente despachar-se e ir para casa lavar a porcaria da roupa.
E num mundo mais que perfeito, não só o Estado nacionalizaria todo o negócio dos detergentes, como passaria a haver apenas um detergente único para a loiça, para a roupa, para o chão e para a casa de banho O lava-tudo por excelência, o todos-em-um da assepsia doméstica. Uma espécie de Euro mas desengordurante, antibacteriano e com glutões. Atirava-se a roupa suja e a loiça do jantar para dentro da banheira com uns pinguinhos do unguento milagroso, misturava-se tudo com umas vigorosas manobras de esfregona e uma vaga de frescura, aroma a limão, sogras deliciadas e criancinhas impolutas invadiam a nossa vida. Quem concorda comigo, atire as meias sujas para a sanita.